O livro é basicamente uma coletânea de 51 textos transcritos e de frases de vários autores épocas, que evidenciam a permissividade nos dias de hoje ("A garota fala dezoito línguas e não sabe dizer nenhuma delas") e ilustram os pecados capitais, cuja definição histórica é recuperada. A cada pecado se contrapõe uma bem-aventurança: ao orgulho, a pobreza de espírito; à inveja, o lamento.
A revolta de Salieri em seu monólogo contra o talento "imoral" Mozart é uma amostra de inveja (Amadeus, de Peter Shaffer). Os documentos Regras para compromissos corporativos, de John Wesley, e Como lidar com a maledicência, de Charles Simeon - de 1752, porém atuais -, são ilustrativos da tentativa de conter a maledicência, "a filha bastarda de inveja". O relato da romancista Mary Catherine Gordon (1949) quando diz "Tornei-me um animal [...], amendrontei meus filhos [...], fiquei irreconhecível" pode ser a nossa própria confissão quando tomados pela ira. O conto de Tolstoi De quanta terra uma pessoa necessita (1880), que ilustra a avareza, é pertubador. As palavras do bispo a João Valjean "Você é um novo homem", que levam o condenado a exclamar mais tarde: "Sou um miserável!", ilustram respectivamente a virtude da misericórdia e a da pobreza de espirito (Os Miseráveis, de Victor Hugo).
O livro deixa claro que pecado é um modo de pensar e não só de agir. O autor adverte contra op moralismo, que "não executa a justiça como reivindica que faz". A despeito do título, o livro é um atraente convite a virtude.
Por Klênia Fassoni - Revista Ultimato nº340 - reprodução permitida
Título: Sete Pecados Capitais
Autor: Os Guiness
Editora: Shedd Publicações
Páginas: 328
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