A borboleta sem cor na capa e o título do livro ‘O Penúltimo Capítulo’ nos remetem a algo inacabado, representando a nossa vida sempre em processo de transformação. Assim como escreveu Rubem Alves na frase mencionada pela autora:
“Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses”.
O livro ‘O Penúltimo Capítulo’ apresenta a biografia da própria autora Clarice Pessato que, com uma linguagem simples, relata os acontecimentos de sua história de vida.
Clarice era uma jovem ativa e cheia de sonhos com grandes possibilidades de realizá-los, porém, aos 18 anos, num acidente automobilístico, fraturou o pescoço ficando tetraplégica.
A jovem passou a conviver com as limitações físicas que mudaram sua história. Necessitou reaprender a viver buscando forças para recomeçar.
Ao descrever os acontecimentos de sua vida a autora mostra uma realidade desconhecida de muitos e nos desperta para o fato de não considerarmos que em algum momento de nossa vida o inesperado pode acontecer conosco ou com alguém próximo a nós. Como reagiremos? O que buscaremos?
O peso de tantas perdas, decepções, frustrações e falta de respostas teriam conduzido Clarice ao desespero, mas Deus veio em seu socorro e, através da fé, recebeu forças para prosseguir.
Ela narra sua experiência com a leitura da Bíblia. Destacando a singularidade de um livro cujo autor conhece cada leitor.
Clarice foi aprendendo que as experiências mais dolorosas de nossa vida podem nos mostrar novos caminhos e que poderia vencer os desafios mesmo nos momentos em que teve vontade de desistir.
Sem aprofundar a autora esclarece alguns dos procedimentos médicos, a visão psicológica sobre as pessoas, a fala direta em expressões como “não combinavam com a paisagem”, "estragando a paisagem" ao se referir a cadeirantes e “atravessei a rua” com relação a tentar fugir da realidade de sua condição.
Seu objetivo foi, além de chamar atenção para o inesperado na vida, nos despertar para a discriminação ao redor de nós e em nós. Convivemos com pessoas com corações feridos por terem sofrido os mais diferentes tipos de discriminação, inclusive a própria discriminação. Mas podemos ser curados.
Ela descreve as mudanças que ocorreram em sua vida física, especialmente em sua percepção de vida, como ela conseguiu vencer provas, continua a superar obstáculos e encontrar a felicidade, destacando que por trás de tudo está a soberania de Deus demonstrando Sua bondade em todos os seus atos.
Na caminhada de reabilitação foi testada com as muitas decepções. Mas aprendeu que este não era o fim, era apenas o início de uma trajetória de fé que poderia dar muitos frutos.
O que não era mais humanamente possível reparar seria superado pela fé. A fé a ajudou e foi essencial para prosseguir. E, mesmo em meio as perdas e impossibilidades, Clarice foi aprendendo a cultivar a gratidão, independente das circunstâncias, e a ter uma atitude de apreciação às pequenas coisas com perseverança e alegria.
Passados mais de 30 anos depois que tudo aconteceu, ela desfruta do poder e da força derramadas diariamente por seu Deus em Seu livro de fé, a Bíblia.
Jesus, o Senhor da vida dela transformou sua cruz em esperança e liberdade e iluminou sua escuridão.
Por causa da superação, muitas pessoas sugeriram que Clarice escrevesse um livro sobre sua vida. A tentativa de escrever aconteceu mais de uma vez, mas ela não conseguia avançar nos escritos, pois queria um último capítulo com final feliz, segundo o seu conceito humano, e isso impediu que o livro fosse divulgado antes.
Para Clarice um último capítulo com final feliz seria voltar a caminhar. Existia a discriminação e o preconceito dentro dela. Clarice considerava a aparência mais importante do que a essência. O seu coração precisava ser mudado, precisava ser curado. Então Deus lhe deu essa cura e, somente quando isso aconteceu, Clarice conseguiu concluir o livro.
A adoração a Deus levou-a a refletir e a despertar sobre a importância de deixar a superficialidade e buscar uma vida mais profunda com Deus.
Ao mencionar a discriminação a autora nos alerta, pois existem muitas injustiças feitas às pessoas julgadas diferentes. E elas precisam de ajuda. O sofrimento acontece não somente com a situação física, mas muito mais com a falta de piedade e misericórdia.
Por isso precisamos olhar para todos com bons olhos. Em alguns relatos salienta a necessidade de sermos simples como as crianças que conseguem ver as pessoas além das aparências e sem acepção amam sem distinção. Se nós agirmos como as crianças, olharemos para todos com bons olhos e vamos entender que ao nos preocuparmos com o coração, com o sentimento humano, o preconceito será eliminado e o amor ao próximo será real.
Clarice superou suas limitações e impossibilidades, mas sem um poder maior em sua vida não teria suportado.
O título do livro O Penúltimo Capítulo surge quando Clarice entendeu que o último capítulo da nossa história não é escrito por nós.
A nossa história não acaba no ponto final de um livro.
Todo o livro foi digitado com um adaptador que pelos movimentos do braço esquerdo possibilitavam alcançar uma tecla de cada vez.
Assim, apresentar essa obra – o que para muitos que conhecem suas limitações seria impossível – foi um grande desafio e a manifestação do poder de Deus.
A autora enfatiza no livro seu propósito de fazer diferença para todas as pessoas, prestando auxílio em suas necessidades e em suas escolhas sobre a eternidade.
“Mas muitos através da tribulação mudam suas vidas para melhor. E porque eles mudaram, refletiram para os outros, tudo à sua volta mudou e todos foram influenciados.
Quero fazer parte do último grupo de pessoas mencionadas. Não importa qual seja a dificuldade, quando permitimos que Cristo efetue a mudança do nosso coração, ela vai alterar tudo em torno de nós.”Pág 195.
Créditos pela escrita Clarisse Pessato.
Livro: O Penúltimo Capítulo
Autora: Clarice Pessato
Editora: Imprensa Livre
Paginas: 208
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